quarta-feira, 1 de abril de 2009

OUVIDOS DE MERCADOR PARA UMA CARAVANA QUE NUNCA VAI PASSR

Não ouvi você chamar.

Sei,

Você não me chamou.

Mas eu insisto:

Não ouvi você chamar.

 

Não,

Você não pode ter-me ouvido

Porque permaneço

Em silêncio total,

Esperando você chamar

E não quero

Que qualquer ruído

Chame mais minha atenção

Para nada que não seja

Tudo o que desejo:

E que é ouvir você me chamar.

 

Ainda insisto!

Não há absinto nem olhar triste,

Não somos poetas, como chamar,

Nem aqueles que fazem poesia

-como se chamam?-

e a fazem sem chamar.

Não há solidão nem lágrima recolhida,

Não somos acrobatas, como chamar,

Nem os que fazem piruetas com o risco

-como os chamar?-

sem chamar.

 

Não ha mais o que não-ser,

Nem somos poetas, como chamam,

Nem aqueles que não-são,

Sem chamar.

 

Continuo sem barulho fazer,

Esperando por você me chamar:

Eis aí todo o barulho que quero escutar.

 

Por que,

Então,

Em vez de não ouvir você me chamar,

Não te chamo eu

-será que vais me escutar?

 

Você!

Você que fala sem (me) chamar,

Você que cala sem (me) chamar

E vive até sem chamar,

Fazendo com que

A minha vida seja

A eterna espera

Do teu chamar.

E você é só a tortura,

Sem chamar,

Sem instrumentos medonhos

Sem interrogatórios,

Sem chamar.

Você me tortura calando

O teu chamar

E deixando para mim

A dor de escutar,

A todo instante,

Em todo e qualquer lugar,

Você (me) chamando,

Sem jamais me amar.

 
CHICO VIVAS

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