segunda-feira, 1 de junho de 2009

SOSLAIO




Olho de lado à minha frente
Outros olhos que não te olham,
E eu sei disso porque
Sigo-os:
Os teus que a eles vão,
Eles que aos teus não dão
A contrapartida necessária,
Inteira margarida,
Meu bem, meu querer,
E nesse teu saber dos meus,
Dos meus olhos que deixam os teus
E seguem o caminho que eles fazem
Até aportarem naqueles outros
Que não te veem,
Eu, tendo tudo à vista,
Sem poder sequer desfolhar
A flor já de pétalas careca,
Nesse teu querer não me querer,
Quero tanto os teus,
E vejo aqueles de lado
Não se virarem para a frente,
Para tua frente,
Onde eu queria estar,
E tanto que quase chego a querer
Os teus a outros olhos atar,
Mesmo que assim me deixes
Definitivamente de lado,
Por mais que me ponha à frente dos teus,
Ou mais até:
Daqueles que segues,
Porque os teus podem se fechar
Simplesmente para não me veres.

Mas quero ver se eu me puser
À frente daqueles
Para os quais olhas de lado:
Será que não me verias
Ou apenas da frente me tirarias
Como se arrancasses sorridente
A última pétala da flor
A que todos chamam de bem-querer.
E quando então falas assim,
Por um momento eu vejo
Tua mão tão perto de mim,
E tomo-me por teu bem,
Tomando-te por esse meu querer,
Quanto tudo o que queres é desnudar a flor,
Arrancando-me da tua frente.
E eu agora de lado,
Veria os teus olhos e aqueles outros,
E então...

Os olhos para os quais olhas
Vão-se embora,
Deixando-te de lado,
Justamente à minha frente,
Meu bem,
Desfolhado.


CHICO VIVAS

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