De(s)cida!
Mas, isso não é uma exortação,
Supondo, a vir,
Uma encruzilhada,
Carregada dos mistérios da hesitação.
Se digo: descida!,
É porque abaixada mão.
De(s)cendo!...
Mas, isso não é prenúncio
De canhoto desenho de minha mão,
De uma árvore de gerações.
Se digo: descendo!,
É porque não é descida a mão,
É ainda indecisão
Sobre se se deve descê-la
Ou, sem obrigação,
Se se deve apenas, descendo,
Jamais alcançar o coração,
Que por aí para, se,
Crendo-se que já se chegou ao ponto,
Quando, vírgula a vírgula,
Há coração ao longo de todo o corpo,
Mesmo naqueles sem muita extensão,
Quase a se confundir, esse corpo,
Com o espaço estrito do coração,
Com a vantagem de que,
Se no coração real,
Se poético, de todo, ele não for,
Há batidas
- perigo nos cruzamentos -,
Nos outros, toques diversos
E ais tão variados,
Quanto os sons de campanhia:
E quem dela só conhece um dim-dom,
Só sabe do corpo um tic-tac,
E do coração, repetido baticum.
Então, está decidido!
Não se desde, em definitivo:
Descendo sempre estará a mão;
E se essa eternidade terminar,
que suba,
Que se encontre um meio,
E se encontrando a metade,
Que nem precisa se ajustar
A outra parte, com rigorosa exatidão,
Junte-se-as:
Se colar, colou;
Se não grudar, cole-se ainda mais;
Se incomodar, desista não!;
Se só for conforto, que não se incomode
Com essas partes concertadas,
Porque a orquestra que toca
É mais do que o arco no violino,
Mesmo que as haja,
orquestras que são,
só de cordas.
Porém, há-de se chegar a um ponto
Do qual não se quererá mais sair,
Nem subir, mesmo que, sim,
Que isso signifique entrar no coração,
Nem descer, mesmo que
Abaixar-se seja a solução.
Se se chegar a esse ponto,
Não haverá volta,
Mas há verso,
O que pressupõe o anverso,
E se for um cubo,
Seis faces de fora,
Meia-dúzia adentro.
Com que cara digo tudo isso!
Logo eu, tão quadrado,
Com uma única face
E um verso improvisado,
Já que quatro são só os lados
De uma mesma moeda.
Quando descia, descendência,
Ou será (in)decência, quando abaixava?
Ao subir, subida experiência,
Sempre o coração por lá,
Ou será mera ambivalência?
Alto e baixo são somente
Os extremos a que chegamos
Para atingirmos um meio:
E mesmo sabendo que há
Fora dele um mundo inteiro
De face de versos a se pesquisar,
Quem aí ficar
Como se um porto – já não parto,
Como se asas – já não voo,
Como se pés – já não mãos,
Como se todo coração
Fosse esse ponto mediano
Que não sendo tão alto,
Que não sendo assim tão baixo,
É a profundidade em pessoa.
Ter chegado a este ponto
Foi um êxito?
Hesito em dizê-lo:
Eis mais uma das minhas indecisões.