domingo, 1 de março de 2009

TOBOGÃ

 

 

 

De(s)cida!

 

Mas, isso não é uma exortação,

Supondo, a vir,

Uma encruzilhada,

Carregada dos mistérios da hesitação.

 

Se digo: descida!,

É porque abaixada mão.

De(s)cendo!...

Mas, isso não é prenúncio

De canhoto desenho de minha mão,

De uma árvore de gerações.

 

Se digo: descendo!,

É porque não é descida a mão,

É ainda indecisão

Sobre se se deve descê-la

Ou, sem obrigação,

Se se deve apenas, descendo,

Jamais alcançar o coração,

Que por aí para, se,

Crendo-se que já se chegou ao ponto,

Quando, vírgula a vírgula,

Há coração ao longo de todo o corpo,

Mesmo naqueles sem muita extensão,

Quase a se confundir, esse corpo,

Com o espaço estrito do coração,

Com a vantagem de que,

Se no coração real,

Se poético, de todo, ele não for,

Há batidas

- perigo nos cruzamentos -,

Nos outros, toques diversos

E ais tão variados,

Quanto os sons de campanhia:

E quem dela só conhece um dim-dom,

Só sabe do corpo um tic-tac,

E do coração, repetido baticum.

 

Então, está decidido!

Não se desde, em definitivo:

Descendo sempre estará a mão;

E se essa eternidade terminar,

que suba,

Que se encontre um meio,

E se encontrando a metade,

Que nem precisa se ajustar

A outra parte, com rigorosa exatidão,

Junte-se-as:

Se colar, colou;

Se não grudar, cole-se ainda mais;

Se incomodar, desista não!;

Se só for conforto, que não se incomode

Com essas partes concertadas,

Porque a orquestra que toca

É mais do que o arco no violino,

Mesmo que as haja,

orquestras que são,

 só de cordas.

 

Porém, há-de se chegar a um ponto

Do qual não se quererá mais sair,

Nem subir, mesmo que, sim,

Que isso signifique entrar no coração,

Nem descer, mesmo que

Abaixar-se seja a solução.

 

Se se chegar a esse ponto,

Não haverá volta,

Mas há verso,

O que pressupõe o anverso,

E se for um cubo,

Seis faces de fora,

Meia-dúzia adentro.

 

Com que cara digo tudo isso!

 

Logo eu, tão quadrado,

Com uma única face

E um verso improvisado,

Já que quatro são só os lados

De uma mesma moeda.

 

Quando descia, descendência,

Ou será (in)decência, quando abaixava?

Ao subir, subida experiência,

Sempre o coração por lá,

Ou será mera ambivalência?

Alto e baixo são somente

Os extremos a que chegamos

Para atingirmos um meio:

E mesmo sabendo que há

Fora dele um mundo inteiro

De face de versos a se pesquisar,

Quem aí ficar

Como se um porto – já não parto,

Como se asas – já não voo,

Como se pés – já não mãos,

Como se todo coração

Fosse esse ponto mediano

Que não sendo tão alto,

Que não sendo assim tão baixo,

É a profundidade em pessoa.

 

Ter chegado a este ponto

Foi um êxito?

Hesito em dizê-lo:

Eis mais uma das minhas indecisões.

 

CHICO VIVAS

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