quarta-feira, 1 de julho de 2009

O QUE É O QUE É?




Em bandas sonoras
Ou em bandos de dois,
Surgem ao acaso
Essas aves de repente,
De rapina, rapaces,
Unhas longas, afiadas,
Ou curtas quase rentes
À carne sangrando.

Procuram cantos.
E se esquinas não há,
Escondem-se em si
Ou exibem-se, insurgentes, por aí,
Contra toda gente,
Sem qualquer discrição.

Se se as descrevem,
São tantos os detalhes em jogo,
Que não se apanha o conjunto,
Mas mesmo assim,
Há sempre que queira lhes bater:
São instrumentos de sopro
Que na boca não cabe mais;
E são cordas de metal
Que não ornam o pescoço;
São surdos, apesar da algazarra;
São bumbos, com todo rebolado;
São tambores nessa tribo.
Uma melodia infernal,
No que o inferno tem
De muito bem orquestrado.

Não há céu que lhes baste.
O paraíso dessas aves é a noite
Vivida todos os dias:
É um encontro, uma busca.
Dispersam-se, despedem-se,
Despedaçam-se, desgraçam-se,
Degeneram, desejam,
E quanto há para dizer,
Mas muito mais para calar,
Que a vida de cada um
Sabe já o que ela (lhe) é.
E é curta para o longevo,
E é longa demais para quem
Tenta contar essa vida
Em quatro letrinhas fatais.

Que sejam muitos, sejam poucos!
Que seja muita ou pouco seja!
Morrer a cada momento
É a função primordial de toda vida,
A vida toda.
Morrer a cada desejo
É viver cada momento.
E se de um momento para outro morrer,
Foi só o último desejo desta vida.
E pronto!



CHICO VIVAS

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