domingo, 1 de fevereiro de 2009

CANTAROLAR

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Lá...será?
E aqui...é ser?
Laçará!
Lá serei.
Anelei.
Anel é lei.
Anelará lá-rá.
Uma canção lançarei,
tendo como refrão
não um lá-rá-lá-rá
convencional,
mas um será
que não será
que serei
ou um serei
que lá será,
ou mesmo cá
– tomara que em todo lugar –
como um laço,
uma armadilha
para as línguas
que não mais esquecerão
o dito refrão.

Eis aí o sucesso
que sempre anelei,
como um anel
de ouro de lei
que do dedo,
que do anular,
jamais retirarei,
como se casado,
larari-larará
será?

Será que aqui eu serei
casado
ou será
que aquiescerei
em só ter o anel
sem compromisso,
a não ser-serei
com a fama que me traga,
trá-lá-lá,
o sucesso do refrão
que lançarei
lá,
onde for,
e cá,
onde isso será?

Laço,
mirando o sol.
E laçarei.
E laço o sol
como se fisgasse um anel,
confundindo, tolo,
com ouro
o que é só armadilha,
e que se puser no dedo,
arderá,
arderei,
faltar-me-á ar,
e quem me o dará?
em quem me mudarei?
e, mudo, com hei
se suportar,
trá-lá-lá,
o refrão da canção,
esse laço do lá...serei?

Assim, com dedo assado,
com sol no dedo,
no todo cozido,
sem ouro, seu tolo,
que sucesso serei?
a não ser – serei? –
que que-será
seja lançado como meu,
lá, onde ninguém saiba
das minhas armações,
e também cá,
que sucesso tenho de fazer
tanto aqui como acolá, lá-lá
e em tudo lugar,
como sempre anelei,
até fugindo à regra,
contrariando a lei,
pondo o anel indicado
no indicador,
deixando meu anular
a ver navios.

E tanto quero a fama má-má.
E quero mamar, pá-pá.
Quero fama das boas
e quero, na boa, também a má,
desde que eu possa mamar,
como se tivesse uma Fafá
à minha inteira disposição,
sem precisar laçar,
sem sair do lugar,
lugar que é meu,
se não por direito,
se não por lei,
porque, enfim, o anelei,
e isso (me) basta.

Besta sou, se penso,
mesmo que besta não possa pensar
e apenas mame por mamar,
que um refrão achado
e repetido a mil
(serei vil?)
logo se converterá
num sucesso capaz
de me dar, no mínimo,
o que sempre anelei:
anular,
sem ter de pagar
nada do que desejei.

E tudo o que desejei
nada mais é do que
até aqui disse anelar.

Não quero anel.
Não quero me casar.
Quero só ter o poder,
dentro da lei,
lá e cá, onde estarei,
de não esquecer
o que significa
não deixar de lembrar,
como um insistente refrão,
sem mais lá-rá-lá-rá,
caindo num laço de verdade,
na armadilha do sonhar.

Mas, lembrar (lá-lá) o quê?
O que será
lá...será ou laçará?

Não importa,
contanto que esse lá-rá-lá-rá,
como um lá-ri-lê-rê qualquer,
leve-me da qui,
de onde estou, estiver,
para lá, trá-lá-lá,
onde estejas já-já,
onde estiveres ainda,
porque o tempo, quando já,
é presente na certa;
quando ainda,
é só capacidade de lembrar.

CHICO VIVAS

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