terça-feira, 1 de novembro de 2011

CATACLISMO




Não há desencontros.
É que todo encontro
Traz em si, dissimulada,
A marca das partidas,
Nas quebradas, cantos, esquinas,
Ao longo da vida inteira.

Mas se cada chegada
É sempre o lado oposto
De mais uma saída,
Nem por isso se deixa de se encontrar,
Temendo a hora da despedida,
Porque em cada um que vai,
Achamos em nós uma saída
Para as idas descontroladas
E que é uma saudade.
Invenção, talvez, de alguém
Que quer a todo custo
Justificar um desencontro,
Usando a desculpa sempre tida
Como argumento indiscutível,
E que é aquela partida
Que não deixa uma saída.

O que fazer, então, se houve
O que chamam de desencontro,
E que pode ter muitos outros nomes,
Podendo se chamar tempo, quando falta,
Podendo se chamar tarefas, quando muitas,
Podendo se chamar chuvas: argumento temporal,
Podendo chamar sol demais, se verão?

Até gostaria que houvesse
Um rápido fim do mundo
(não um que destruísse
o mundo rapidamente,
mas um que acabasse
e logo recomeçasse,
acabando logo com o fim
e recomeçando o mundo de novo),
Para assim ter com que
Me desculpar pelo desencontro.
Porém, é mais fácil - e bem mais -
Se pôr um fim em todos os encontros
Do que este mundo chegar ao fim,
Por mais desencontro que haja.

E se isso acontecer,
Apesar de improvável,
Prometo de véspera sair
E não faltar ao novo encontro.

Um dia, há de ser.

Tão logo, por que não?

No possível, realista.

No impossível, pois amigos.

E se não conseguir (teu) perdão,
Agora tenho já duas culpas:
Não te ter encontrado, a primeira,
E para complicar, uma segunda mais:
Estes versos ter escrito.

É mesmo o fim do mundo!


CHICO VIVAS

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails

Arquivo do blog