domingo, 1 de julho de 2012

SOLUÇÃO SALINA PARA UM DOCE PROBLEMA



Dispensado um sinal sonoro

Ou mesmo, na porta, um discreto arranhão,

Como um toque sutil,

Embora não abra mão de te tocar,

De te arranhar no verso,

Sem te magoar, de perto, o peito,

O que desejo...

É entrar em ti sem bater,

Sem querer aplausos,

Mas com as palmas abertas,

Inteiras sobre ti.

E para isso acontecer, sei,

Terei de sair de mim mesmo.

Não! Não quero me despedir:

O que desejo é, a meu ver,

Entrando em ti sem bater,

Que sintas que estou fora de mim.

Isso tu só saberás,

Porque “saberá a” dentro de ti,

Um gosto que eu, então fora de mim,

Só sinto ao encostar a língua

No que em ti está por fora e,

Como se mais ainda pudesse,

Entro com a língua,

Falando-te (porque falo),

Nesse silêncio sem técnica concertada,

Em ti mesmo que, então,

Agora é que sais,

Sais te ti,

Sais de banho,

Como se chegando de um beco sem saída,

Sem saída de banho,

Com gosto de sais,

Fazendo-me sentir o sabor

De me intrometer em teus acertos,

Mesmo que, oculto (isso),

Tão distante deste mundo,

Só de ti escute longes gemidos

Que ecoam na minha boca,

Formando uma cadeia de sons

Em que nos prendem os abraços.

E jogamos fora a chave,

E isso quase com chave-de-braço,

Imobilizando um ao outro.

Enquanto em nós o movimento

Persiste sem comando

Do coração que sai...da boca,

Do corpo que não quer...de cima

Aos pés que, embaixo, pisam fundo,

Acelerando, à superfície,

Tanto(s) toques como arranhões

Que tanto em ti prometi não dar.

Mas, como eram todos retóricos,

Dou-te versos

E me deito de lado.

E, com eles, no peito,

Toques de campanhia

E arranhões com unhas infectas

Para assim te transmitir

O desejo de não mais sair,

Não sei se de si, pois isso

É a sanha para assanhados,

O calor ideal para os assados,

O banho morno para os asseados,

E a senha para se entrar,

Inoculando-me, ao mesmo tempo,

Embora essa noção, neste espaço,

Não faça qualquer sentido,

Enquanto tocamos com arranhões

O desejo de não mais sairmos:

(eu de mim em ti?

eu de ti em ti?).

E não porque não gostei

De em ti ter ficado sem bater,

E sim porque agora

Sair de mim é deixar

De em ti entrar.

E nisso...nem quero pensar.

CHICO VIVAS

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