Não ouvi você chamar.
Sei,
Você não me chamou.
Mas eu insisto:
Não ouvi você chamar.
Não,
Você não pode ter-me ouvido
Porque permaneço
Em silêncio total,
Esperando você chamar
E não quero
Que qualquer ruído
Chame mais minha atenção
Para nada que não seja
Tudo o que desejo:
E que é ouvir você me chamar.
Ainda insisto!
Não há absinto nem olhar triste,
Não somos poetas, como chamar,
Nem aqueles que fazem poesia
-como se chamam?-
e a fazem sem chamar.
Não há solidão nem lágrima recolhida,
Não somos acrobatas, como chamar,
Nem os que fazem piruetas com o risco
-como os chamar?-
sem chamar.
Não ha mais o que não-ser,
Nem somos poetas, como chamam,
Nem aqueles que não-são,
Sem chamar.
Continuo sem barulho fazer,
Esperando por você me chamar:
Eis aí todo o barulho que quero escutar.
Por que,
Então,
Em vez de não ouvir você me chamar,
Não te chamo eu
-será que vais me escutar?
Você!
Você que fala sem (me) chamar,
Você que cala sem (me) chamar
E vive até sem chamar,
Fazendo com que
A minha vida seja
A eterna espera
Do teu chamar.
E você é só a tortura,
Sem chamar,
Sem instrumentos medonhos
Sem interrogatórios,
Sem chamar.
Você me tortura calando
O teu chamar
E deixando para mim
A dor de escutar,
A todo instante,
Em todo e qualquer lugar,
Você (me) chamando,
Sem jamais me amar.
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